A dor que senti na noite passada machucou
tanto, que corroeu todas as coisas bonitas que haviam aqui dentro. Senti tudo
se desconstruir. As lágrimas ferviam sobre meu rosto e estavam tão ácidas.
Resisti até não resistir mais. Fui tomada. Tomada
por completo num choro soluçado, descompassado, que não tinha ritmo, não tinha
fim. Chorei por tudo, chorei as lágrimas de um ano inteiro e a cada tentativa
de conter toda essa água, eram formadas ondas de tristeza ainda maiores dentro
de mim.
Buscando algo que fizesse meu coração parar de
murchar a cada segundo, gritei tão alto que mal consegui respirar, minha
garganta ardia e meus ouvidos zuniam. Talvez se esse grito não tivesse sido tão
interno, ele chegaria a ecoar por toda a cidade acordando a todos e fazendo-os
sentir um pouco do ardor do lôbrego sentimento que me adoecia.
Queria poder ter dito adeus a todo aquele
cenário e a tudo que eu estava sentindo, mas meus pés estavam fincados no chão
e a imobilidade do meu corpo era permanente.
Estaca zero. Ela está de volta. Abracei a
solidão outra vez.
Por: Iris Eduarda.
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Imagem: Iris Eduarda